AMOR E SEXO

Não julgamos o amor pelo que procuramos

Procuramos o amor em todos os lugares

Procuramos o amor adequado quando o somamos

O amor adestrado com as mãos nas jugulares

No vai e vem dos momentos seculares

Cama de vai-e-vem molares

Escondidos em medievais castelos e escuridões

Que uivam como as linhas dos morcegos tecelões

O amor consumado do nosso jeito

Um concentrado de carnes e peitos

E efeitos secundários no rio de leito estreito

Um sonho um conto encantado letras no parapeito

Uma viagem aos desvarios de Dante

Um purgatório de suores e risos rituais de amantes

Uma súbita coloração que zumbifica e cristaliza o amanhecer

O ser em lentidão tentando congelar o que não fica

O mar pra sua barcaça epilética passar se estica

Uma princesa uma lareira com vinhos e queijos

E labaredas selvagens... Viagens num mar de pelica

O orgasmo é o pó colorido de todos os desejos

Não há terra a vista sem sua conquista reviver

Não adianta a moeda do sexo

Tudo se paga com o prazer com nexo

E depois do ser a alma vaga pelo adormecer

O amor volta a renascer em sua flor angélica

A flor morre impregnando o ar com seus odores

Suas particularidades enraizadas seus estertores de métrica

Suas pétalas suas asas estendidas se apagam em cobertores

Na terra do sonho criam novas asas multicores

E voam pelo azul infinito trazendo anjos de cal

Assim como o sentimento que tenho pelas flores

Depois do grito final amanhece o pássaro de sal

A vaga vira vogal

Nem que por um segundo o sereno abrasas

O mar para arrastando sua onda de asas

Pro enlace final