Margarida
Uma flor despetala-se.
Bem-me-quer
Mal-me-quer...
_ “Me queres bem?
Então porque te vais?
Então porque te esvais
na penumbra da noite?
Por que me deixas só?”...
Tão cedo uma flor despetala-se
É só perfume e calma
E um não saber dizer...
É tanta dor que circunda
o despetalar de uma flor.
É preciso que o tempo passe
pra dialogar com o torpor.
Somente a saudade é sábia
E nunca nada lhe falta
Pois recompõe a flor.
Junta pétala a pétala
Evoca o perfume, a cor.
Com esmero, com cuidado
Eis a flor ao nosso lado.
A poesia – dialética contradição:
Alia-se à saudade.
Torna lúcido o coração.
Uma flor despetala-se
no entardecer da vida
Sempre será cedo.
Mar ... ga ... ri ... da ...
Para a minha vó, Margarida (In memoriam)
08.04.04 QUI 18:05.