Que faço do mel que transborda
clamando por ti
que o não sorves, desperdiças
como se a vida fosse
uma torrente sem foz?
Que faço de tantos segredos
que anseio dividir contigo?
Crepitará esta alma solitária
afoitando-se insegura,
por mares infindos,
ocasos desesperados?
Para que servirão meus lençóis
imaculados,
se não te abrigam?
Para quê a cambraia
da minha alma,
derramando-se no vazio?
Para onde levamos as nossas vidas,
como se não houvesse termo?
Aonde guardarei a doçura
que te entrego?
Tantos sonhos em vão,
meu amor! Em vão!
Sabendo quão doce
é o amor em paz e sossego
que ambos inventamos.
Meu querer por ti é tanto!
Como enjeitarás a urgência
de que te falam meus olhos,
que em vão escondo,
certamente mostrando
a mulher palpitante e ansiosa,
que um dia olhaste fundo
e em silêncio se encantou?
Ai adiar o enleio a um passo
do paraíso entrevisto!