Sobre os Amantes.

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na fase aguda da palavra

agudos acordam

os acordes da voz

- e revelam vestígios esquecidos

de sonoros mundos -

e de dentro, da dor,

se ouve o desejo

que amplia todo duplo que há em si.

na trama, a roca fia a lira

e toca as perdas do advir

feito faca cortante

um tanto cega de corte,

que corta a vida em partes

sem definhar o amor.

dores doentias fitam-lhe

cara a cara, salto a queda,

pétalas caiem sobre

o corpo doce

da palavra póética.

agora nua, a desnudada,

vive de espanto e existir:

a assombrada.

e os dois agora espantados,

ancorados um no corpo do outro,

poeta e palavra

tecem o dia da criação...

e toda voz grita: Sou Frágil!

de longe se pode ouvir

da palavra

sua viagem,

sua miragem,

sua mensagem:

livre enfim de toda forma de criatura.

transbordada sobre a cheia

que limpa e batiza a balada lírica

dos andantes sobre a terra,

dois andantes sobre a água,

a cúmplice professa: sou louca, senhor!

Desagua em mim.

Patrícia Porto

Patricia_Porto
Enviado por Patricia_Porto em 06/09/2011
Código do texto: T3204510
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