Sobre os Amantes.
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na fase aguda da palavra
agudos acordam
os acordes da voz
- e revelam vestígios esquecidos
de sonoros mundos -
e de dentro, da dor,
se ouve o desejo
que amplia todo duplo que há em si.
na trama, a roca fia a lira
e toca as perdas do advir
feito faca cortante
um tanto cega de corte,
que corta a vida em partes
sem definhar o amor.
dores doentias fitam-lhe
cara a cara, salto a queda,
pétalas caiem sobre
o corpo doce
da palavra póética.
agora nua, a desnudada,
vive de espanto e existir:
a assombrada.
e os dois agora espantados,
ancorados um no corpo do outro,
poeta e palavra
tecem o dia da criação...
e toda voz grita: Sou Frágil!
de longe se pode ouvir
da palavra
sua viagem,
sua miragem,
sua mensagem:
livre enfim de toda forma de criatura.
transbordada sobre a cheia
que limpa e batiza a balada lírica
dos andantes sobre a terra,
dois andantes sobre a água,
a cúmplice professa: sou louca, senhor!
Desagua em mim.
Patrícia Porto