EU SÓ NÃO VEJO A MIM

Vejo prenúncios, indícios, vaticínios e constatações

Emoções, prédicas, retóricas e silêncios

Inundados lenços e risonhas fartas inebriações

Vejo-me um rosto sem feições, pedaços minúsculos de sonhos imensos!

Contemplo a música da solidão que se acerca de multidões

Aplaudindo as fracassadas incursões dessas guerrilhas ordeiras

As amplas olheiras gestadas em madrugadas de tentações

Onde os pecados foram ilações e todas as ilusões foram verdadeiras!

Assisto em mim o drama cômico de um roteiro trágico

Como que por um passe mágico de ilusionismo feito pelo acaso

Um rio furioso e raso, que só permite a fuga em nado estático

Um ator performático que arranca da vazia platéia um calado aplauso!

Eu vejo sintomas, reflexos, caricaturas e versões

Todas as dimensões, coordenadas e mapas que apontam para o fim

E vendo-me assim, constato que são tuas todas essas aparições

Que eu vejo sem interrupções, ao mesmo tempo que não vejo a mim!

*************************************************

Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 05/09/2011
Código do texto: T3201777
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.