Diz-me…
Se devo passar a noite contigo
Ou a descoberto
Se as estrelas têm razão quando as ouço falar
Diz-me
Se estou errado
Ou se estou certo…
Se as nossas histórias
São de encantar
Ou quando envelhecerem
Perderão o seu brilho temporal
Serão apenas umas historietas de ensombrar
Quem ousou tocar a realidade
E tornar esta num mito
De forma infrutífera
As tentar perpetuar…
Porque para ti
Ficar
É a mesma coisa
Que partir
Uma rima
Exausta
De tão dita
De tão lida
De tão sentida…
Porque uma bebida
Ou a ausência dela
Possuem o mesmo valor
De sobriedade
Nada quanto faça
Eclipsa
Aquilo que teimam que não vejo
A tua realidade…
Os mistérios escondidos
Por detrás de uma sensibilidade
Que se nota
Não se vê
Que é útil
E não acessória
Apesar da sua falta de visibilidade
Porque quando se sente realmente algo
Por não vermos esse algo
Pura e simplesmente
Não o podemos colocar de parte…
A razão da imortalidade
Das verdadeiras obras de arte
A sua recusa obstinada em envelhecer
Viver no tempo
E a este sobreviver
E é por isso
Que quando vejo algo de belo
A sofrer os efeitos do tempo
Sei que esse algo é transitório
Está
Mas não vai permanecer
E assim eu sei que o que és
Sei que sinto amar-te
Mas és apenas um reflexo
Do que considero divino
És apenas um reflexo
Mas isso não invalida
Que queira estar
E envelhecer contigo…