Meu Amor Mendigo
O meu amor mendigo
Tem abrigo, tem abrigo
No seu casebre tem brio
Na soleira da porta fica
Um vê passar
Dois vê passar
Quantos?
Mil talvez veja passar
Qual diferença ele pode notar?
São tantos que sempre passam.
Uns são verdes
Outros amarelos
Alguns negros
Poucos vermelhos
São as cores variadas
Que meu amor pode notar
Se são tantas horas abaixo da porta
Perdido em vão quer falar
Ninguém há na soleira
Além dele não há ninguém
Horas e horas passadas
Toca, então, seu violão
No boteco há metros
Tão perto, que sua casa
Parece ouvir o dedilhar
É disso que meu amor tem saudade
De acreditar que em músico ele vá se tornar
Por que meu amor fica horas a fio na penumbra das ruas?
Porque um sonho ele pensa haver deixado escapar.
Não ouve quem ouvisse sua canção.
A que compôs pertinho do coração.
E talvez eu mendigue seus mistérios a gritar.