Meu Amor Mendigo

O meu amor mendigo

Tem abrigo, tem abrigo

No seu casebre tem brio

Na soleira da porta fica

Um vê passar

Dois vê passar

Quantos?

Mil talvez veja passar

Qual diferença ele pode notar?

São tantos que sempre passam.

Uns são verdes

Outros amarelos

Alguns negros

Poucos vermelhos

São as cores variadas

Que meu amor pode notar

Se são tantas horas abaixo da porta

Perdido em vão quer falar

Ninguém há na soleira

Além dele não há ninguém

Horas e horas passadas

Toca, então, seu violão

No boteco há metros

Tão perto, que sua casa

Parece ouvir o dedilhar

É disso que meu amor tem saudade

De acreditar que em músico ele vá se tornar

Por que meu amor fica horas a fio na penumbra das ruas?

Porque um sonho ele pensa haver deixado escapar.

Não ouve quem ouvisse sua canção.

A que compôs pertinho do coração.

E talvez eu mendigue seus mistérios a gritar.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 03/09/2011
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