Num Beco Escuro

O que faz uma moça num beco escuro? Se esconde da dor ou se esconde do amor? Acho que ela escreve poesia e descobre fetiches na simplicidade do seu dia a dia.

Nada de pânico é só poesia...

Num beco fétido e escuro

Tentei despir meu romantismo eu juro

O ambiente tinha um cheiro forte de perfume barato

Fiquei assustada quando encostou no meu salto um rato

As mulheres bebiam e se perdiam na fumaça do cigarro em caracóis

E eu inocente sonhava em me entregar manhosa sobre os macios lencóis

Na intimidade de um quarto num erotismo a sós

Parou um carro e alguém gritou lá de dentro :

Ei moça quanto é?

Encostei trêmula na parede

Nessa hora é que você descobre

Que sou só uma menina fantasiando em ser mulher

Já sou moça e não brinco de boneca mais

Fiquei encabulada diante dos olhos obscenos do rapaz

Experiente ele pergunta se seria minha primeira vez

Inexperiente gagejo e baixo os olhos marejados pela timidez

Querida você sabia que esse lugar é instigante mais perigoso demais ?

Não se preocupe

A poesia é o guarda-costas da moça de Batatais

Nesse beco escuro

Nem todo mundo é bom e nem todo mundo é cruel

Cuidado ao recostar no muro uma indefesa Raquel

Se eu quiser nesses versos eu faço chover

Fico com a roupa grudada ao corpo e ainda digo que foi sem querer

Dispenso o vinho e as rosas

Nada inebria mais um homem do que uma morena carinhosa

E ali mesmo no meio da rua

Nego de pés juntos que já sou tua

Minhas reservas escorrem pelo meio fio

Meu corpo desmente minha boca me traindo num provocante arrepio

Por favor me ame mais não me beije na boca

E muito menos prometa me fazer feliz amanhã

Minhas fantasias são típicas de uma moça romântica não louca

Que por amor hoje vestiu sua alma de cortesã

Meu amor é simples e puro nunca leviano

Porque até quando eu me calo

Intimamente eu grito que te amo...

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 02/09/2011
Código do texto: T3197136