POESIA SEM NOME

 
Quando eu te quis, tirei o batom, as roupas, o pudor.
 
Rasguei a certidão e ousei te chamar de amor...
 
Como castigo por ter confessado, fiquei na gaveta,
 
esquecido... Aguardando ser traduzido em libras.
 
 
Se soubesse, teria ficado no flerte, no suspiro,
 
nem teria tentado escrever história no papiro.
 
Teria inutilizado o papel reciclado inventado
 
pois após me despir inteira, fiquei sem nada.
 
 
Carrego o fardo dos amores do mundo todo
 
daqueles mal resolvidos, os de final sem feliz
 
Arrasto-me cansada, em delírio resmungando
 
de ouvir tantos causos dos Sofistas e poetas
 
que me perseguem pelos séculos afora.
 
 
Confiam em mim, pois pensam que estou viva.
 
Não percebem que nem suporto a minha lida.
 
Sou o fio condutor do desamor, sem cura, uma
 
mãe solteira que tem como herança apenas dor.
 
Devorando os dias para que terminem logo,
 
Esse câncer desequilibrado do desamor.
 




Railda
Enviado por Railda em 02/09/2011
Reeditado em 07/11/2013
Código do texto: T3196982
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