Pertencimento Distante

De repente o relógio parou de contar o tempo.

O tempo que parece não querer parar.

E cada segundo se transforma em angústia;

cada angústia se transfigura em pensamento;

todo meu pensamento se converte em solidão.

Vejo pela janela toda essa Natureza

que meu olhar contempla, silenciado. Reflexivo.

É tudo tão incrivelmente distante e meu.

Assim como você.

Que, embora tão distante, não sai do meu:

corpo, pensamento, mente, coração... Não sai de mim.

Vício da memória, masoquismo e angústia!

E é agora que percebo por que contemplo esta Natureza:

são os raios de sol, a canção dos pássaros, o vento no rosto,

o cheiro do capim, o gosto de vida...

É o brilho do seu olhar, a melodia da sua voz, o toque das suas mãos,

o perfumar da sua pele, o sabor do seu beijo...

Amor, a Natureza se faz em mim e eu a amo tanto.

Porque, se sou feito dela,

logo me faço a cada segundo de você.

E daí sofro, me angustio.

Sou feito de um pertencimento distante.

Onde é que você está, senão dentro de mim?

Quando a vontade é de na verdade eu estar agora ao seu lado.

Recorro ao relógio.

O meu tempo é diferente.

E um segundo sequer ainda passou...

Dan Niel
Enviado por Dan Niel em 01/09/2011
Reeditado em 19/02/2017
Código do texto: T3194847
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