AMOR NÃO É OBRIGAÇÃO
Eu pensava que a amava
Mas o bom ser acalma e tempera o amor
Duas coisas quando não se assemelham
Não dá uma terceira
Não crepita a fogueira
Nada buscava se não a vã companhia
Como os pombos velhos conhecidos das praças
Que se encontram na tarde vazia que passa
Fazendo aos mais velhos uma alegria macia
Mas ela me deixou nestas andanças
Ela se encaixou com outro
Talvez ele dance mais do que
A mim nesta contra dança
No frevo do sentimento sem bainha
Preferi ficar só com a sombrinha
Comigo deixou parcas lembranças
Como o adulto que aos poucos
Vai esquecendo o seu passado criança
O tempo avança
Ela se foi e já foi tarde
Não fez alarde
Não mais arde na minha cama
Não mais meu plexo inflama
Prefiro a fronha que sonha
Sempre calada na minha mão
Minha relação era enfadonha
Nem quero mais o frio seguido
Do gozo rubicundo da refração
A sensação da obrigação
Deixa-me preso a gravidade
Busco aeração preciso de asas
Pra buscar alturas inimaginárias
Buscar a noite com suas brilhantes luminárias
E amar um coração vazio de alguma alma solitária
Que preencherei com luz etérea incendiária
Esta vasilha do peito refratária...
Há pombos desencontrados
Vivendo em telhados errados...