DESAVER
Eu amarguei o não haver, não existir
quando calei o canto vivo dos teus olhos...
Quando varri a brisa leve em tua pele...
Quando apaguei as ledas luzes dos teus lábios...
Ai! Tu me olhaste em seco enfado de não ter
os meus estímulos bordando os passos teus...
As minhas glórias amparando os teus sorrisos...
Os meus pulsares invadindo os teus caminhos...
E os sentimentos, de infinitos, coloridos
se desbotaram na inconstância dos teus gostos...
Na privação dos benefícios de tua alma,
me condenaste ao mais pesado dos vazios...
Porque não sendo para ti, não sou pra mim...
Sou sem razão e sem sentido, sou ninguém...
Um nada às sombras do teu tudo a mendigar
alguma gota de existência neste vão.