Os suaves milagres da criação…
Colocas-me uma questão existencial
Eu respondo com a minha ciência
Tu demonstras uma natural insatisfação
Eu respondo em poesia
Traduzindo em tal o que queria dizer
E lá nos entendemos
Sendo que estes são alguns d’
Os suaves milagres da criação…
Por meu turno
Faço-te uma pergunta onde te inquiro
Sobre se o afecto terá uma formula matemática
De forma a que o possamos reproduzir
De forma infinita
Tu desconversas
Ou respondes de forma pouco científica
Com demasiados sentimentos
Acho que exageras
Mas depois de um esquema feito na areia do mar
Lá te percebo
Lá chegamos a uma espécie de entendimento…
E tu dizes que gostas de sonhar com as estrelas
E eu digo que gostava de para lá viajar
Tu vais mais longe
Porque o teu veículo é intemporal
À prova de falhas mecânicas
Pois esse é o privilégio de se sonhar
Embora te diga
Que nunca sairás deste lugar
Tu sorris
Não respondes
Pois enquanto o dizes
Partes
E viajas
Como nunca deixarás de viajar
Enquanto sou eu que estou parado
A ver-te voar
Mas os nossos pólos aparentemente opostos
Não param de se tocar
Pois a vida é feita do que temos separados
Mas que juntamos
Imaginação
E ciência
E afecto ao seu dispor
Lá nos entendemos e sorrimos com tal
Porque percebemos quais
Os suaves milagres da criação…