Palavras 0446 - Escrevendo amor
A voz morria lento em outros lábios,
sumiram as asas que cruzei um céu,
o sol secou as águas do meu paraíso,
os pés quase esquecidos fincaram no chão.
Senti todos os calores dos sete infernos,
parecia que meu corpo ficava invisível,
da boca um silêncio quase que mortal,
minha alma ainda sedenta de amor falecia.
Contei muitas histórias de crepúsculo,
jamais me mostrei triste, apesar do sentimento,
das ruínas que meu corpo enfrentava,
carreguei meu sorriso como se fosse crucifixo.
Prazer é barco que não pára em qualquer porto,
ainda que a solidão atraque em minhas beiradas,
tento prender a tristeza em algum carinho
e vou, delirante e com pensamentos abusivos.
Mais uma noite e estava imóvel no meio da sala,
ainda assim escrevi um conto de amor, talvez eu,
ou a protagonista era outra pessoa desejada?
Ainda assim celebrei amor com palavras de alegria.
Hoje meu canto tem endereço e alguém para ouvir,
de repente o louco é poeta e amante, atrevido, quente,
como as mãos que me tocam na madrugada fria
e o amor que fecha o sentimento dentro dos corpos.
30/08/2011