(dedico a Adriana P. Almeida)

a musa de minhas horas perpétuas...

Meu amor, és tu da mesma carência:

Do favo, - o teu viver escoa e te aflora;

Do mel, - minha alma assim namora,

Os mil anjos, do céu da tua essência!...

Foi-se pasmando a primazia,

Deste pego rio, - violeta formosa;

Neste afeto grato, - a proa mimosa

Coloriu a brisa, e sorveu a harmonia!

E assim mesmo se consume

A vida, este comboio crepuscular;

Onde a nascença rude de um lar,

Constrói os arroubos que lhe assume!

E como viestes tão de repente

Pousar a pétala inesperada?

Se não sabias que a desejada,

Implorava-te bem erguida e demente?

Porque já não havia alcançado clamor,

Rogo-te, por tanto a quem,

De mais afago a ti, meu bem,

Feito a chama, a delirá de amor!...

Anjo meu, és tu da mesma carência:

Do favo, - o teu viver escoa e te aflora;

Do mel, - minha alma assim namora,

Os mil anjos, do céu da tua essência!...

16 de maio de 2010

Jairo Araújo Alves
Enviado por Jairo Araújo Alves em 27/08/2011
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