(dedico a Adriana P. Almeida)
a musa de minhas horas perpétuas...
Meu amor, és tu da mesma carência:
Do favo, - o teu viver escoa e te aflora;
Do mel, - minha alma assim namora,
Os mil anjos, do céu da tua essência!...
Foi-se pasmando a primazia,
Deste pego rio, - violeta formosa;
Neste afeto grato, - a proa mimosa
Coloriu a brisa, e sorveu a harmonia!
E assim mesmo se consume
A vida, este comboio crepuscular;
Onde a nascença rude de um lar,
Constrói os arroubos que lhe assume!
E como viestes tão de repente
Pousar a pétala inesperada?
Se não sabias que a desejada,
Implorava-te bem erguida e demente?
Porque já não havia alcançado clamor,
Rogo-te, por tanto a quem,
De mais afago a ti, meu bem,
Feito a chama, a delirá de amor!...
Anjo meu, és tu da mesma carência:
Do favo, - o teu viver escoa e te aflora;
Do mel, - minha alma assim namora,
Os mil anjos, do céu da tua essência!...
16 de maio de 2010