POEMA SEM VERSO
Oh meu deus tudo que eu te peço eu recebo
Às vezes com sucesso poucas vezes com muito retrocesso
Mas sem acanhamento do meu insucesso eu peço
Oh deus perdoa-me pelo meu poema sem verso
Assim como o côncavo não côncava com o convexo
A voz não se emite sem conversa
O terço não se completa sem a reza
Porque o beijo abre a boca e o olho fecha?
A vida é cheia de porquês
Porque a alma tem janelas e não portas
Porque as trocas de olhares sorrateiros
Provoca um eclipse ao céu da boca
E a noite por mais que seja tarde chega cedo
Coragem é uma covardia que nos dá medo
Na alma há um fogo eternamente aceso
Mas numa dessas possíveis impossibilidades
A boca se cala e a língua se estala
Na ânsia do desejo a alma cria porta
Por elas fogem os segredos
Segredo é uma arma que destrói a alma
Pois esse é o plutônio fabricado pelo hímen rompido de um beijo
(Mauricio Ife)
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