Canção para nada se acabar

É o quase fim que acompanha todas as crenças,

quando se vai bem longe,

e não se diz o que separa

as asas de um corpo divino.

Se o beijo é morrer um pouco,

tornar quase humano o que há de infernal,

é também inflamar as páginas de um livro mal escrito.

São as cações francesas, escavadas na minha pele,

são os fracassos de um instante do tamanho de uma janela,

que se fecha mais e mais,

e que não se pode entender.

É a luz de um bar que vai embora,

acobertando nas sombras um tango ainda não acontecido,

e sou eu lamentando o destino.

Este que acumula adiposidades nos ponteiros do relógio sem rumo.

Feito todo para minha afronta,

quando demora a se abrir a porta.

Alguma coisa no céu, está perdido.

E Ele se retirou daqui faz tempo.

E você me apaga do horizonte com o sol que despenca,

para dizer mais tarde: Eu não sei.

E eu também não sei o que há entre o mar e a areia.

Entre o efeito e o alfinete.

Entre a porta e a saída.