JANELAS DA ALMA

Vou abrir as janelas da minha alma,

e deixar devagarzinho o vento ir entrando.

Quem sabe ele possa dar-me a calma,

da qual eu tanto estou precisado.

Talvez com esse tempo tão inclemente

possa eu ficar de ti bem mais ausente,

ao sentir o teu amor se acabando.

Quiçá eu possa guiar-me pelas estrelas!

E, pouco a pouco, as minhas amarras soltar.

E mesmo que eu já não possa mais vê-la,

sentirei pra sempre a sua presença no ar.

Procurarei levar junto comigo o vento,

que será o meu companheiro de sentimento,

e com esforço a minha vida vai carregar.

Exclusivamente eu canto o silêncio agora,

pois, somente nele, os sonhos não se calam,

E vou procurar na consciência, nessa hora,

as lembranças que dela sempre me falam.

Porém, o tempo anda, e com seus ponteiros,

movendo-se sem parar, como feiticeiros,

traçam o sentido da vida, e nunca se abalam.