A Pequena Vendedora de Fósforos
Quando as crianças me contam que Papai Noel existe eu jamais as desminto, e quando me perguntam porque eu alimento ainda esse sentimento nelas eu respondo: Porque eu também ainda acredito que Papai Noel existe apesar de tudo que meus olhos veêm na Terra...
Numa fria véspera de Natal
A neve caia em flocos como uma cortina transversal
No meio do frio e em breve da escuridão
Uma menininha com a cabeça descoberta e os pezinhos no chão
Ela saiu de casa com chinelos digamos talvez velhos demais
Os perdeu pelo caminho e pelas encruzilhadas da bela Batatais
Trazia consigo alguns fósforos para vender
Eu ensino as crianças para poder aprender
Mas ninguém quis nenhum comprar
E ela sabia que para casa sem dinheiro não poderia voltar
Se sentou na calçada sentindo fome e frio mais não se queixou
Viu as luzes brilhando nas janelas e o cheiro de comida farta pelo ar se espalhou
Caso voltasse para casa o pai violento a espancaria por um tostão
Seus olhinhos viram famílias constituídas e isso aquecia seu meigo coração
O frio aumentava e forças ela não tinha mais para continuar
Pegou um palito de fósforo e riscou na parede para sua alma iluminar
Viu uma lareira quentinha mais só até o fósforo em sua mão se apagar
Pegou o segundo palito e se sentiu culpada por sonhar e acreditar
Viu uma mesa farta e estendeu a mão para a fome saciar
Não deu tempo porque a luz veio a se findar
No terceiro palito ela viu a avó que veio correndo lhe abraçar
Me leva vó para o lado de lá
Mal sabia a menininha que em breve com a avó no céu iria se encontrar
Só tinha mais um palito e ela sabia que naquele frio seu corpo não iria aguentar
Mas não existe morte pior do que deixar de na vida acreditar
Riscou o fósforo e na luz se viu sob uma linda árvore de Natal
Jesus nos ensinou que todo ser humano é e deve ser sempre tratado igual
Quem fez a guerra, a miséria , a soberba e a dor
É tão frio quanto a neve que cobriu a pequena vendedora de fósforos e de amor
E em meio aquela fria escuridão
A chama do fósforo foi se apagando assim como foi diminuindo as batidas daquele sonhador coração
A menina não morre porque acredita na eternidade
Congela a matéria numa esquina qualquer da cidade
Ela se foi acreditando na existência até de Papai Noel
Aliás ele foi o último a ver o sorriso no rosto da menininha que se chamava Raquel...