CANÇÃO DOS POMBOS

No revoar das músicas com azas de poesias

Curitiba tece uma canção ao entardecer.

A ordem musical do chafariz se desprende

e delinea o flutuar dos pombos ao escurecer.

No plumar da densa atmosfera invisível

voa a última borboleta enleando pinhais.

Fragmenta o cerne vertical do movimento

traduzindo a composição do inexprimível.

Sinto-me só,

com a lembrança do limoeiro,

com teu perfume no travesseiro,

não mais.

Jardins respiram da relva a fragrância

inalada na orla dos corações abrasados.

Na estação do limoeiro em flor

a ópera me arremessa nos trilhos do passado.

Outra vez o sol deita e dorme sorrindo

para acordar mais belo ao amanhecer.

Ao voltar para casa, com céu de corais,

ouço a voz da lua, do píncaro surgindo:

_Sinto-me só,

com a lembrança do limoeiro,

com teu perfume no travesseiro,

não mais.