E SE O AMOR CHAMAR POR MIM?
O que há de ser de ti, que tanto te enganas inutilmente?
Como tornar demente o sábio instinto de teu apaixonado coração?
Se ao te tocar a própria mão, vês teu pensar num viajar tão reticente
Mas nem assim me faz ausente da imaginária cena de paixão!
Como adornar prazeres noutros encantos e ternuras?
Com amarguras não se apaga o legado visível dessas digitais
Seguem-se tão óbvios sinais, negados por tão surreais loucuras
Que nem as noites mais escuras detém o sol daqueles beijos sem iguais!
Amargo há de ser o escorrer dos lábios outrora açucarados
Que ditam verbos disfarçados, mas algo oposto conjugam silenciosamente
Mentindo ao sentimento latente, ferindo os sonhos já curados
Deflagrando tolos passos parados e desaguando em meu mar novamente!
Pois se chamar por mim o mesmo amor, que poderás fazer?
Irás correr como um patético entardecer, negando o reino da alvorada?
Decerto cega e calada, tudo dirás e hás de ver
Que teu abraço só feito pra me ter - Que meu amor é tua única morada!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor