Apanha-me…
Se estiver a cair
Se estiver a chegar
Aqui
Ou em qualquer outro lugar
Onde calhares
Me encontrares…
Se estiver a ouvir aquela música
De estúpido refrão
Mas que ouço com clareza
Com absurda lucidez
Pois essa música
Recorda-me entre tantas coisas
Quando foi chegada a tua vez…
E prende-me de forma terminal
Num local inacessível
Numa prisão que não venha no mapa
De impossível localização
Porque acreditei no que ouvi dizer a alguém
Numa rua qualquer
Numa perdida madrugada
Que o mundo acabava no dia de amanhã
E contra toda a razão
Contra todos os sentidos
Quis passar as últimas horas
Desse mundo contigo
E por isso apanha-me
Pela minha ingenuidade infinita
Pela minha crença irracional
Apanha-me
Por ter querido aproveitar os meus derradeiros minutos
Imaginários
Na companhia
De quem me trocava as voltas
Aos meus mais demasiados certos
E exactos
Sentidos…