AMOR NÃO USA ESTETOSCÓPIO
Estou recluso dentro dela da dita-cuja
E ela esta em outra trincheira
Travando outra guerra suja
Eu era seu aliado
Ela corria era eu que ofegava
Ela respirava e seu hálito eu tragava
A vida vaga
Nela a gente se entrega
E por dentro a lágrima nos lava
No mesmo corpo que eu tanto adentrei
Agora tanto faz ter outro ou ter mais seis
Eu mesmo do meu corpo sou freguês
Só não admito este grito abafado no meu peito
E cala mais quando me deito
Com a parte ausente no meu leito
Estreitando relações comigo mesmo
Vou levando difícil é despertar sem lembrar
Como em hipnose que ela do meu lado deitada não está
Não tem jeito ela está noutro mundo noutro sujeito
Eu um mero predicado prejudicado pela dor de cotovelo
Uma saudade engolida com ar rarefeito
Ela me usou como um remédio pra curar seu mal
Em cuja cartela não chega ao final me descartou
E me deixou sentindo o efeito colateral
Coração não reclama
Coração nunca está interditado
Coração que ama tá sempre endividado
Ou tá amando ou tá chorando dobrado
Tão cúmplices e tão distantes
Tão dentro prisioneiros dela ainda estão
Eu e a masmorra do meu coração...
Quem dera pudesse lavar o esquecimento
Como muita água espuma e sabão
Resta-me esperar dizem que o tempo tudo cura
Então que o vento me traga pra eu sair desta clausura
Uma nova e bela criatura que me prenda na sua loucura
Então que venha a galope pra começarmos
Sem armaduras uma nova e eterna cavalgadura...