Velho tempo

O fio de aço do presente

corta-me em pedaços.

É duro não ter

para onde voltar o olhar.

Dói demais ver que o tempo passou

e que não se esteve lá.

O que restou de mim e de você

se não há uma história para contar?

Nas ruas desertas da minha memória

você ainda está.

Eu não ocupo lugar.

O futuro é sempre uma ameaça

sem um passado a ligar.

Não posso virar a página em branco.

Não há para onde ir.

Como posso ir embora

se eu nunca estive aqui?

O que você vê em mim?

O que lhe diz o meu olhar?

O que faço com a dor

do que não pude viver pra contar?

Sufoca-me a herança do filósofo.

Não quero um caos para ordenar.

Quero meu próprio tempo.

Um novo velho tempo.

Quem sabe você vai estar lá de novo

se eu puder voltar.

10.01.04 SAB 17:51.

Josely Margarida
Enviado por Josely Margarida em 12/08/2011
Código do texto: T3156436
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