Velho tempo
O fio de aço do presente
corta-me em pedaços.
É duro não ter
para onde voltar o olhar.
Dói demais ver que o tempo passou
e que não se esteve lá.
O que restou de mim e de você
se não há uma história para contar?
Nas ruas desertas da minha memória
você ainda está.
Eu não ocupo lugar.
O futuro é sempre uma ameaça
sem um passado a ligar.
Não posso virar a página em branco.
Não há para onde ir.
Como posso ir embora
se eu nunca estive aqui?
O que você vê em mim?
O que lhe diz o meu olhar?
O que faço com a dor
do que não pude viver pra contar?
Sufoca-me a herança do filósofo.
Não quero um caos para ordenar.
Quero meu próprio tempo.
Um novo velho tempo.
Quem sabe você vai estar lá de novo
se eu puder voltar.
10.01.04 SAB 17:51.