A flor...
Pequena flor que cresces em meu pequeno jardim
E que me saúdas nas manhãs em que acordo, cansada,
Das longas noites que não parecem ter fim,
Eu te agradeço porque sorris para mim
Nas geladas manhãs, com tua beleza suave ...
Tua encanto é simples. És modesta, despida
De mascarados tons: tu te mostras assim
Tal qual como és, verdadeira e carmim...
Não és a flor rara, certamente és comum,
Mas tens um sorriso e meigo olhar
Que o vento balança e com ele tu danças
E me acenas alegre com encanto sem fim...
Provocas em mim a alegria inocente
E as lembranças felizes de um tempo distante
Em que fui, também, uma “flor” para alguém
(E que hoje, distante, nem se lembra de mim...)
Pequena florzinha, tuas cores singelas,
São a alegria das minhas manhãs...
Converso contigo e te falo de amores
E tu me contas da vida das flores
Que é curta, fugaz, passageira... E me encantas
Com tua beleza, mesmo sabendo
Que muito em breve terás o teu fim...
(E não te queixas jamais para mim...)
E tu me acarinhas enquanto aí estás,
E adornas minha vida sem qualquer interesse:
Tu te preocupas em me alegrar
Pouco importando que já vás desfolhar...
Teu desprendimento emociona: és oferta,
Te entregas a mim sem nada esperar...
Pequena flor, na minha janela,
Que grande lição tu me ensinas assim:
Não é importante o “quanto durar”
Mas a intensidade do que estás a ofertar,
Enquanto ainda podes estar perto de mim...
E quando, num dia, não mais te enxergar
E meus olhos tiverem saudades de ti,
Tu viverás em minha lembrança,
Pequena flor, de tão pouca importância,
Mas tão preciosa em tua oferta a mim!...
- Que bom se os humanos também fossem assim...