Náufragos
Náufragos
Ainda sinto na boca, o gosto do beijo que não lhe dei...
Um gosto amargo, lembrança de outros dados,
Num tempo distante, quando o amei.
Não me dói o remorso...
Não me aperta o peito,
Quando as lembranças vêm,
Insistindo maldosas em me fazer saudade.
O que com a dor ficou marcado,
Não apaga as frestas dos bons momentos.
Passou... foi um tempo que não volta mais.
Fomos duas vidas, condenadas a viver juntas,
Duas realidades distintas, que se fingiam uma só.
Como náufragos, cada um buscando a sua ilha
Mas com medo de ficar sós.
Ainda sinto na pele, o gosto das lágrimas que não chorei
E nem hei de chorar jamais.
Os ventos da liberdade banham meu rosto
Com muito mais intensidade na minha solidão.
Se não te beijei é porque não te amava
E quando o amor acaba,
Não tem que se pedir perdão