EU SOU A POESIA

Foi uma noite escura,

A mais escura de todas!

Vento frio... Nuvens negras...

Raios e trovoes

Anunciavam a tempestade

Que vinha descendo a serra,

Fantasmas gemiam

Em uivos horripilantes

Um triste lamento

Aos ouvidos surdos

De um pobre moribundo:

“Pobre alma cansada

De vagar pelo mundo!

Miserável alma solitária

Que pelo mundo erra!!”.

E o vento frio

Mais frio se tornou

Quando depositou

Sobre aquela alma

Já cansada de tanto sofrer

Todas as pétalas

Que ele pode colher

Pelos campos floridos

Por onde passou.

E depois

Foi embora,

Deixando em cada uma

Das mãos enregeladas

Um pequenino botão

Na forma de um coração.

Um grito de fúria

Escapa da garganta

Para cruzar o espaço

Em fuga tresloucada

Rumo ao infinito,

No entanto,

Mais furiosas ainda!

As nuvens se ajuntam

Em vórtices terríveis

E o arrastam de volta

Ao peito dolorido

De onde partiu.

Eis então

Que um milagre acontece!

A noite se torna

Ainda mais negra

E tudo aos poucos

Vai se acalmando

Quando uma voz

O chama pelo nome:

Poeta! Vem comigo!!

Deixa que eu te embale

Nos meus braços!!!

Neles te levarei

A uma região infinita

Onde dormiras um sono

Que nunca dormistes,

Em meus braços

Cortaras os espaços

Enquanto escutas

De minha boca

Os mais belos cânticos.

Tu viras comigo

Pois venho de longe,

De todos os tempos!

De todos os mundos!!

Para trazer-te paz

Para dar-te abrigo.

Mas o poeta

Escutava calado

A voz maviosa

Chamando-lhe pelo nome,

E num esforço supremo

A voz soluçante

Lança aos céus

Um quase inaudível verso:

Quem és tu

Que vens de tão longe

A buscar-me a alma

Por todos renegada?

Quem és tu

Que ainda te lembras

Desse pobre poeta?

E a voz se eleva

Em glamoroso esplendor

Para responder amorosa:

“Nessa terra

Que tanto te humilhou

Eu fui seu único amor!

Eu sou o verso

Que você escreveu!

Eu sou o canto

Que você cantou!!

Eu sou a única

Que te amou!!!

Eu sou a poesia.

Abner poeta
Enviado por Abner poeta em 11/08/2011
Código do texto: T3152911