A Dama do Fogo e da Água
O mar incendiou-se
No dia em que a ogiva dos deuses
Foi de encontro a ele;
Liberando em sua explosão
A chama de uma paixão
Clamando: - Se revele!!!
-Apareça, dama do fogo e da água!
Senhora do reino das letras,
Musa encantadora!
Arrebata das mãos dos poetas
As notas de suas liras
E faça-se dominadora!
E a dama do fogo e da Água
Senhora dos bardos andantes
Divina imagem de mulher,
Surgiu entre as chamas, cantando
Com sua voz cristalina
Fazendo amanhecer
Um novo dia na história
Uma nova era no mundo
Um novo tempo de amor;
E veio caminhando sobre as águas
Num balanço de tamanha feminilidade
Causando às ninfas furor;
E o rastro de fogo que veio deixando
Aos poucos foi se extinguindo
Até que chegaste à areia fina;
Teus cabelos ao sol brilhavam
Teu peito ofegava
Soluços de menina.
A praia estava repleta
De todos os poetas
Atraídos por ti;
Bardos errantes, boêmios incansáveis,
Trovadores galantes, seresteiros da noite,
Todos ali.
Teus olhos percorrendo a turba
Alcançaram o meu, atônito,
E reluziram em chamas intensas;
Uma força incomum deslocou-me
Jogando-me aos teus pés
Pra ouvir tua sentença:
-És meu! – disse a voz cristalina
-Levarei-te comigo! Amarás a mim
Ao meu corpo, à minha alma!
E levado fui pela divindade
A um mundo de cores e aromas
Meu novo lar, meu refúgio, meu escudo,
E um amor que o mundo desconhece
Impera no reino onde eu vivo
No meio de um nada que é tudo.