Podemos pretender…?

Que tudo sabemos

Que tudo desejamos

Esquecendo a razão

Que queremos que nos escape

Que quando a noite cai

Temos realmente medo…

Não medo da noite em si

Do que ela nos possa trazer

Mas antes daquilo que ela nos pode fazer evocar

O tal medo que encontramos no espelho

Quando a luz da socialização

Por umas meras horas

Lá calha se apagar…

E assim para não nos vermos

Recusamos viver na escuridão

Procurando em tal

Uma vaga consolação

Não querendo ver

Que é dentro de nós

Que habita esse sagrado monstro

A que uma alma

Ironicamente mais iluminada

Com toda a sua lucidez

Chamou

Solidão…

Ignorando

Que o facto de sabermos falar

Não invalida o facto

De não o sabermos realmente exprimir

Aquilo que nos come a alma

Não aquilo que nos faz sorrir…

Ignorando

Que não sabemos de certa forma o que queremos

E nos afastamos de quem mostra

Um pouco, um pouco de proatividade afectiva

Um pouco do poder de decisão

Que nos assusta

E que nos faz mergulhar

Na tal escuridão

E assim podemos pretender que tudo sabemos

Mas na realidade

É essa ausência de tudo

Ou qualquer coisa

Que nos realmente mete medo…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 09/08/2011
Código do texto: T3149828
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