UMA PORTA E DOIS DESTINOS
Por conta de óbvias probabilidades, na vereda das vindas podem ter idas
Entradas convertem-se em saídas, a depender do mel que se amarga
Não poucas vezes a paixão que se consagra torna-se lágrimas despidas
E em síndromes doloridas o infindo aparentemente acaba!
Levam consigo pétalas pisoteadas as mesmas mãos que deram-lhe afago
Algo agressivamente amargo percorre veias e temores
Terrores nos escombros de um mundo novo e destroçado
Um lar sem chão e sem telhado, relento de orvalhados dissabores!
Até que a dor ensina o passo da ventura imbuída de um regresso
E o retrocesso se apresenta como a energia do avanço
Tal como o sol que em busca do descanso abraça o universo
O vento mal se vai disperso e dá-se o reino renovado de um remanso!
Louvada seja a porta do adeus, que foi sábia a ponto de não se fechar
A fim de viabilizar a volta do antigo e doce mundo amoroso
Que seja íngreme, rochoso todo caminho que se obrigue o amor trilhar
Mas ele nunca poderá findar, posto que sempre há de ser vitorioso!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor