CIÚME
Ciúme, esse bichinho atrevido
que se infiltra sem parar
E complementa a agonia,
estrangula a alegria,
Submete-me ao pesar.
P'ra descobrir o que não existe,
atiça-me e não desiste,
sobe no palco à brilhar.
Fazendo-se de valente
destrói a paz do meu dia;
destrói como ventania
qualquer valor que eu buscar.
Ciúmes de tudo em ti;
da tua boca sem beijo,
do teu corpo com desejo,
de tuas mãos ansiosas...
minha mente se transforma
em um monstro a corroer
fazendo o amor doer.
Ciúme praga maldita!
Faz-me pior quando atiça
em mim tudo que acredita
que desse mal vou morrer.
É um veneno audacioso
que envolve em fel tenebroso
cada pobre coração.
Distila perfume atroz,
estonteante e veloz
movendo a dor sob ação.
Transfigura a paz do rosto,
azeda a vida em desgosto,
rouba o tempo que é imposto
às almas em sua prisão.
Esse insólito bandido
fulgura cheio de estilo;
de Santo mouco a ladrão.