CIÚME

Ciúme, esse bichinho atrevido

que se infiltra sem parar

E complementa a agonia,

estrangula a alegria,

Submete-me ao pesar.

P'ra descobrir o que não existe,

atiça-me e não desiste,

sobe no palco à brilhar.

Fazendo-se de valente

destrói a paz do meu dia;

destrói como ventania

qualquer valor que eu buscar.

Ciúmes de tudo em ti;

da tua boca sem beijo,

do teu corpo com desejo,

de tuas mãos ansiosas...

minha mente se transforma

em um monstro a corroer

fazendo o amor doer.

Ciúme praga maldita!

Faz-me pior quando atiça

em mim tudo que acredita

que desse mal vou morrer.

É um veneno audacioso

que envolve em fel tenebroso

cada pobre coração.

Distila perfume atroz,

estonteante e veloz

movendo a dor sob ação.

Transfigura a paz do rosto,

azeda a vida em desgosto,

rouba o tempo que é imposto

às almas em sua prisão.

Esse insólito bandido

fulgura cheio de estilo;

de Santo mouco a ladrão.

Rose Arouck
Enviado por Rose Arouck em 10/12/2006
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