AMOR X ÓDIO

A dor em si é o começo da cura

O amor é algo dado a criatura

O desamor é ausência do criador

Quem desamou desconhece o criador

Fere a sua criatura ilude o coração

Não se desama no fundo nunca o amou

O amor e o ódio têm quase a mesma força

O ódio é um amor azedado

O limo que de crosta se acoberta

O ódio é o casulo e o amor a borboleta liberta

No amor tudo é complacente

As diferenças são iguais

No ódio não há diferenças

Só há desigualdade impenitente

Quando o amor não se revela

O ódio se mostra

Se não há o amor no vinho

Vira o ódio fermentado do vinagre

O amor é o cobre o ódio o azinhavre que o cobre

O amor é o espírito que alcaliniza o mundo de luz

O ódio é o espírito que acidifica o mundo com a sua escuridão

O amor tem olhos que tateiam como farol devassando a neblina

O ódio é um dragão que solta fumaça pela venta

E ao querer matar o sol se cega antes de matá-lo

Perde a direção e cai nas lanças do Guerreiro São Jorge

O guerreiro ao perceber olha para a cara do dragão

E vê a sua face estampada na cabeça do dragão

Gêmeos um deformado pela aberração

O outro iluminado pela perfeição

Daí a dizer que estão muitos próximos um do outro

É o reverso da medalha quem vê cara

Não vê coração...