Palavras 0441 - Poeta

Não sei que dia é hoje, nem as horas,

não sou alguém muito amigo,

tenho uma última e única esperança,

nela e por ela viajo meu último castigo.

As letras são companheiras inseparáveis,

leva-me da lama aos palácios de aluguel,

do terno amor as tragédias mortais,

ora fera, ora meiga, deslizam meu papel.

Necessito palavras novas e as tenho,

escrever amor é o modo de mostrar a ela

um pedaço da vida que passa nua,

no beijo que sonho a saudade da donzela.

Quando carrego nas tintas e mostro a fera,

um escarro na calçada, a flor morta na janela,

uma mão para afagar, outra pra rabiscar,

o cigarro que acendo sem fazer amor com ela.

Escrevo discurso, desenho letras de forma,

sou alguém que põe palavras nas bocas,

apedrejo quem não cuida do destino,

beijo, ela que de amor tem voz entre as loucas.

05/08/2011