Ventos de outras guerras…

Ventos sopram no Islão

Ventos semelhantes

Percorrem o resto dos caminhos do mundo

Sombras numa mesma civilização

Chegando até nós

O eco mais cruel

De uma suposta globalização

De costumes

De afectos

De vícios

De virtudes

De medos

De receios

Pelo que não se diz

Pelo que se possa dizer

Numa torrente de palavras

Demasiado tempo incontidas

Sendo que depois de libertadas

Tudo

Mas tudo mesmo pode acontecer

Porque ninguém perde tempo

A ouvir

O barulho natural do vento

Ninguém ganha tempo

Na sua luta contra si mesmo

De olhar de frente

E não de perfil

Esse mesmo espelho

Que tanto deforma a realidade

Porque o queremos assim

Porque temos essa doentia necessidade

De vermos sem vermos

De sentirmos

Sem realmente o sentir

E por isso

Tudo perde significado

Quando o devia ganhar

Quando me atrevo a quebrar todas as convenções

E escrevo algures

Para ninguém ver

“Gosto de Ti…”

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 05/08/2011
Código do texto: T3141049
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