Ventos de outras guerras…
Ventos sopram no Islão
Ventos semelhantes
Percorrem o resto dos caminhos do mundo
Sombras numa mesma civilização
Chegando até nós
O eco mais cruel
De uma suposta globalização
De costumes
De afectos
De vícios
De virtudes
De medos
De receios
Pelo que não se diz
Pelo que se possa dizer
Numa torrente de palavras
Demasiado tempo incontidas
Sendo que depois de libertadas
Tudo
Mas tudo mesmo pode acontecer
Porque ninguém perde tempo
A ouvir
O barulho natural do vento
Ninguém ganha tempo
Na sua luta contra si mesmo
De olhar de frente
E não de perfil
Esse mesmo espelho
Que tanto deforma a realidade
Porque o queremos assim
Porque temos essa doentia necessidade
De vermos sem vermos
De sentirmos
Sem realmente o sentir
E por isso
Tudo perde significado
Quando o devia ganhar
Quando me atrevo a quebrar todas as convenções
E escrevo algures
Para ninguém ver
“Gosto de Ti…”