SAUDADE
A saudade é coisinha destemperada
Você a convence a ficar de fora
Isolar-se, emudecer, ficar parada,
Ela aceita, sai e vai embora.
A vida continua
A fila anda ligeira
A realidade nua
Se faz por inteira.
Porém sempre existe um entretanto, um ponto,
Uma situação, uma palavra dita
Uma recordação qualquer e pronto!
Vem faceira, famosa na ternura e na desdita.
Mas a vida é mesmo sensacional
Nos permite o esquecimento
Sem alarde, sem carnaval,
todavia no futuro cobrará esse sentimento.
Então ela ressurge revigorada
Bate forte, sem clemência, sem bondade
Pelo tempo ignorada,
Vem no vento essa tal refinada saudade.
Hoje falei comigo
Impus-me uma verdade
Num desabafo amigo
É ... hoje de você senti saudade.
22/04/10
ANDRADE JORGE
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