Esplendor
O que cantam os violinos
pela brisa que te beija
no portal das tardes ternas
quando sentas na varanda?
De que lânguido tecido
o luar, pela janela,
vem cobrir-te a nudez
com translúcido lençol?
E os pássaros da aurora
por que cantam para ti
se a luz do teu olhar
vem da estrela da manhã?
Quantas rosas se desfolham
nos quintais por onde passas
pra que leves o perfume
que o orvalho elaborou?
Tu nem sabes que eu sei
do aéreo recital
com que os sinos de festejam
quando andas pelo ocaso.
Nem percebes que as folhas
que te seguem nas calçadas
são os versos que o outono
escreveu pra primavera.
Eu não sei se é por desígnio
ou, talvez, encantamento
que a poesia te persegue
cativada de esplendor.