Tu te calas...
Tu me acenas com a Felicidade
e quando penso em fruí-la, tu te calas
e me abandonas á minha solidão...
Como fugazes bolhas de sabão
de belas cores, eu as quero segurar,
mas escapam logo de minhas mãos...
E vem o teu silêncio que me oprime;
e vem a tua ausência que me mata...
E fico eu só aqui, a afligir-me!
Brincas comigo?... Me amas e me esqueces?...
Não acredito que seja isto verdade.
- Prefiro acreditar que me enlouqueces!...
E ensandecida, eu "penso" que tu vens
e que me amas como a mim convém.
Mas que eu não passo de alguém que vive "além..."
A Realidade tirou-me a Vida, o senso,
e hoje, enlouquecida, sinto e penso
o que quero e desejo! - E tu não vens... -
Quando te calas...
Uns rasgos da razão,
de vez em quando me vêm. E a solidão
percebo! E aqui me tens
prostrada nas estradas desta vida
tendo perdido do amor a mais querida
doçura!... Então o meu refúgio
é fazer que não percebo o subterfúgio
teu... E vivo numa Vida sem ninguém
sonhando amores que nunca eu provei...
Quando te calas...
E quanto te calas!!...
Eu nada sou...
Nem mesmo Alguém...