Veneno

E a cobra com inveja da borboleta
Porque não sabia voar
A resolveu assassinar.

Aquela, pousada sobre uma baga de trigo
Esperava que o vento seu Amigo
Chegasse para tirá-la a dançar
Sem jamais poder imaginar

Que o ofídio, viva armadilha
Por não resistir a tudo que brilha
Estava pronto para atacar...

E elas ali, a delicada lepdóptera desatenta
E a peçonhenta violenta...

Então, num repente
Veio o bote da serpente!

Não houve tempo para nada
Foi à traição...

A outra nem esperava
E só sentiu uma asinha ultrapassada
Pelo par de lanças que a picava...

Não houve dor, apenas ficou presa pela asa
Haspada sob a cruz da cabeça da cruzeira
Que, um segundo após a tentativa de "homicidio"
Abriu a boca desesperada

E a Borboletinha livre sobrevôo mais leve ainda
Pela asa perfurada
O corpo da cobra ali deitada no sereno
Consciente da sua morte iminente

Porque ao morder a asa de ser tão pequeno
Acabou despejando na própria boca o seu veneno...

















 
Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 02/08/2011
Reeditado em 01/06/2015
Código do texto: T3134711
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