Deixa-me…

Cair na suprema

E derradeira tentação

Aquela que separa a lucidez

Do que está do outro lado

Aquele por onde se parte

A saber que nunca se irá regressar

Aquele onde a alienação

É lei

É a regra

Não é a excepção…

Deixando-me sujar

Entre as sombras

Que vituperas

Por não as poderes tocar

Misturar-me no meio dessas pessoas

Até por fim me esgotar

Sabendo que por lá ficarei

Mesmo exausto

Pois o tal bilhete que comprei

Era de ida

À qual está vedada o meu regressar…

E assim percorro aquilo que dizes ser a escuridão

Mas que eu acho ser luz

Cigarro eterno

Não como iluminação

Mas como mais um componente

Da inspiração…

De copo

Ou qualquer outra coisa na mão

Uma caneta

Ou um mero pensamento

Um poema feito

Para dar a quem ame

Para logo depois

Escrever um lamento

Onde amaldiçoo-o

Não a Ela

À sua transitoriedade

Mas ao facto

De apesar de o desejar

Nada nunca durar a desejada eternidade…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 31/07/2011
Código do texto: T3129659
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