Deixa-me…
Cair na suprema
E derradeira tentação
Aquela que separa a lucidez
Do que está do outro lado
Aquele por onde se parte
A saber que nunca se irá regressar
Aquele onde a alienação
É lei
É a regra
Não é a excepção…
Deixando-me sujar
Entre as sombras
Que vituperas
Por não as poderes tocar
Misturar-me no meio dessas pessoas
Até por fim me esgotar
Sabendo que por lá ficarei
Mesmo exausto
Pois o tal bilhete que comprei
Era de ida
À qual está vedada o meu regressar…
E assim percorro aquilo que dizes ser a escuridão
Mas que eu acho ser luz
Cigarro eterno
Não como iluminação
Mas como mais um componente
Da inspiração…
De copo
Ou qualquer outra coisa na mão
Uma caneta
Ou um mero pensamento
Um poema feito
Para dar a quem ame
Para logo depois
Escrever um lamento
Onde amaldiçoo-o
Não a Ela
À sua transitoriedade
Mas ao facto
De apesar de o desejar
Nada nunca durar a desejada eternidade…