Como se fosse o fim do mundo…

Gritos de revolta

Gritos de satisfação

Gritos de dor

Gritos de prazer

Sempre o mesmo registo

Monocórdico

Cujo sentido linear

Dificilmente consigo entender…

Na típica cenografia

Na típica encenação

Que fazes

Muitas vezes em silêncio

Para que as luzes incidam sobre ti

Sobre a tua representação…

Tendo uma queda

Para registos dramáticos

Onde encenas o fim do mundo

E ages nesse sentido

Encenas dias de apocalipse

Como se nada se passasse realmente

Como se nada mais tivéssemos que fazer

Do que ouvir

Ou ver

O teu teatro

Onde a rir

Nos queres fazer querer

Que não te ris

Que estás a sofrer

Como se não tivesse mais nada com que me entreter

Na suprema alienação

Dos falsos sentidos

Que me chegam não somente da televisão

Ou da Grande Rede

Descobrindo que onde menos os esperava

Essa ilusão

Está contigo

Porque tornas ligeiro

O que te digo de profundo

Ou ages ao contrário

Tornas de um nada

Algo como se fosse

O fim do mundo…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 30/07/2011
Reeditado em 30/07/2011
Código do texto: T3128260
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