Canto ao amor inteiro.


Ah! O amor!Face antiga da presença,
Frente à frente de inteireza,
Ultrapassa o que idealiza,
Se constrói em cotidianos do que sofre,
Sem perder jamais beleza.

Ah! Tanto tempo!
Juntos, almas se descobrem
Em profunda diferença.
Se congraçam em sintonia,
Se doam, se entrelaçam,
Unem sombras, vestem luzes,
se assombram no espanto,
redescobrem no reencontro
outra medida, todo dia.

Se espelham nos desejos,
Ultrapassam egos pobres,
Se entregam docemente
De fortuna e de pobreza,
Nem sempre de tanta certeza.

Lá na fonte ramifica,
suas raízes são mais fundas.
Geram força e energia,
Tudo vence do que dói,
Resplandece o que transcende
No tudo que se constrói.