Palavras 0431 - Ruas do corpo

Caminho teu corpo como se fosse minha rua,

a passos lentos abusando do percurso,

amo cada toque, as passagens e entradas,

provoco tua pele assoprando a saliva quente

até que ouço pequenos gritos de sim.

Sou como um fantasma correndo o castelo,

entrando portas e desvendando segredos,

as juras saem das bocas com o ar que respira,

nuvens voam ao teto e provocam tempestades,

os corpos não se recolhem, não agora.

Sou o demônio que move os pecados do corpo,

tirando proveito das fraquezas que me oferece,

busco e carrego o prazer para dentro da carne,

onde derramo meus líquidos na tua fornalha

fazendo o prazer queimar da paixão até a alma.

Por instantes abandonamos nossos mundos,

repasso detalhes do corpo que me foi entregue,

provando do amor, da alma, do sexo e da carne,

fazendo prazer de cada parte do gozo que provoco,

saboreando o calor que invade matando vontades.

Só muito depois nos transformamos em sombras,

os êxtases deixamos em lençóis amassados,

para sermos agora somente dois corpos nus,

mas o amor e o prazer continuam nas almas,

não deserta de emoções, mas ansiosas por mais.

29/07/2011