TE AMO MEU CORPO FALA...

Olha pro meu corpo

Vê o quanto ele é saudável

Em contato com o teu

É uma festa uma celebração um himeneu

É uma alvorada existencial

Um manancial de paixão vivida

Uma tocha ardente e rúbida

Ele pulsa vibra uiva e berra

Tem todas as cores da aquarela

Com o teu se mescla se confunde funde

Ele está leve como pluma esguia

Como a escuma do mar

Pássaros cantantes ao nascer do dia

É uma festa um recital de poesia

Com flautas e harpas vibrantes

Numa linguagem sugestiva na atitude dos amantes

Se esgrimam se exprimem se expressam

Se comprimem se enxertam se versam...

Você uma flor indígena serena

Brotando de minhas entranhas supremas

Descerrando no mangue do meu peito arfante

Exalando o perfume condensado inebriante

Que exala o segredo que vem das ninfas cantantes

Das matas almiscaradas e penetrantes

Nestes instantes se enche os pulmões de ar fresco

Com o ar dos apaixonados que estão

Rodopiando, rodopiando tontos e quase cegos

Dentro do olho do furacão daí então...

Ouve-se o estatelar farfalhante de uma árvore milenar

Que se quebra pela força da ventania

Que acordara da encosta do rio a ira do peixe-serra

Dentro da floresta vai diminuindo a melodia

As boiúnas gigantescas mansamente se arrumam

E em serpentinas se aquietam no fundo da baía

De repente no breu da madrugada fria

Tudo se acomoda na terra e tudo silencia

É o adormecer do poeta que encerra sua poesia