Decerto se evola o teu pensamento
Fantasiando outro amor, a mim inatingível!
Que hei-de fazer se o coração não atende
a seu dono e escravo, mas antes lhe tece
malhas de seda que a mente enleia?
Desgraçado aquele que nelas se enreda
como a borboleta na teia de aranha!
Chegam-me recados surpresos expressando
Que homem resiste ao desvairado apelo
Do meu louco amor, a tudo alheio?
Detenho-me muda, até me envergonho
De dizer que presumo o amor hediondo:
quando é solitário não pode ser belo!
De que serve o esmero que nos atrai tanto
Se somente o teu corpo me deseja enquanto
o teu espírito se afasta de mim, alheio?