O OUTONO DAQUI A 100 ANOS
A chuva será
Porventura acida
E a claridade não azul, verde
Baça
N’
Outono daqui a 100 anos
As árvores
Estarão
Em vias de extinção
Sendo que ver uma
Será uma rara visão
E as borboletas
E flores
Estarão fechadas em lindas estufas
Para as preservar
Mas onde só lá vai
Quem bom preço para as ver poder pagar
De mega em megalopole
Se namora entre a nossa artificialidade
Ela tem uns lindos olhos cibernéticos
E ele um corpo
Sintético
Tendo em comum
Uma alma que por enquanto é normal
Pois apenas somos aprendizes de Deuses
E o espírito será a derradeira ilha natural
Onde por enquanto…
Por quanto…
Ainda não podemos tocar
Marte substituirá a Lua
Como musa dos namorados
Sentiremos que por esse antigo Deus da Guerra
Seremos abençoados, senhor de vetustos infernos que já não ferem
E talvez um destes dias
A Terra
A troquemos por esse novo éden
Seremos distantes
Mas sempre presentes
Saudemos a tecnologia
Pelo milagre da multiplicação
De afectos fortíssimos
Mas ausentes
Estarei
Infeliz
Feliz
Ou alegre
Infelizmente
Porque o meu amor partiu para longe
Tal como no presente
Mas ela
Foi para um qualquer outro lado
Aqui
Desapareceu entre as estrelas
Porque as amava como eu
E porque eu um dia lhe disse
Que de todas
Era a mais bela
E eu fiquei
A chorar não chorando
A carpir as mágoas
De quem ama
Demasiado amando
Que não ousou partir
Talvez
Porque nesse espaço infinito
Não soubesse bem para onde ir
Fiquei pois
Na minha escrivaninha virtual
Lançando beijos para onde ela está
Para o espaço sideral
Enquanto lá fora a chuva medra
No ritmo que faço com as mãos
Por quem em demasia espera
Pelo amor absoluto
Forte
Puro
Príncipe de novos tempos
Em tempos de novas sensitivas autocracias
Eu amo-te
Sempre te amei
E essa
É a minha maior utopia
No
Outono daqui a 100 anos