Cortina de Vidro
à Áurea
O que vejo através da trasparência é um
mesclado do que ora desejo e da
imagem que me acompanha.
desde a formação;
Uma mistura estranha que não compreendo
e nem vislumbro;
Que apesar de estar em mim,
Ao sabor da minha alegria
É o freio que me estagna diante do passo
a seguir;
E eu sem querer recuar esgoto todo o meu ser
no esforço para prosseguir;
E o desgaste é grande;
E o avanço pequeno e não há como descartar
o tempo,
Que passa sem que nenhum sorriso o acompanhe;
Nem um resquício de entendimento;
Apesar dos dias de brandura...
O que vejo, além do que quero ver,
É a dor! A vóz que golpeia o meu espírito
com suas imposições degeneradas
que me confundem
E me fazem duvidar do próprio destino...
A força, dominador elemento da história,
mostrou a sua incapacidade de
me defender e subjugou-se
à Cortina de Vidro,
Que me dá o silêncio da sua vóz;
Que me distancia do seu frescor,
Mas que insistentemente me denuncia ao seu
pensamento, sem que eu nada
faça para impedir,
Pois que é isso o que desejo:
Mostrar-me minuciosamente aos seus olhos
-Que não enxergam-
Que não vêem o sangue pulsar nas minhas veias;
Que não vêem o suor evaporar da minha pele;
Que não vêem a vibração que minh´alma transborda,
sempre que a sua imagem se forma...
atrás da Cortina...
E eu prossigo com meus devaneios turbilhando,
e às vezes destroçam a minha calma
destruindo aleatoriamente
a minha razão;
E nesses momentos me vejo sombrio, amargo...
E a rotina vai, de dia, de noite...
E vence o cansaço a disposição do tempo...
E o silêncio me invade sem que eu perceba
a sua força;
Mesmo sem o desejar eu me envolvo nele;
E meus olhos em vão tentam falar:
Estou preso! Estou preso!
E Ela não compreende e nem ouve o clamor
do meu silêncio;
E minh´alma resígna-se e se recolhe,
Ao seu doce estado de embriaguêz...