Cortina de Vidro

à Áurea

O que vejo através da trasparência é um

mesclado do que ora desejo e da

imagem que me acompanha.

desde a formação;

Uma mistura estranha que não compreendo

e nem vislumbro;

Que apesar de estar em mim,

Ao sabor da minha alegria

É o freio que me estagna diante do passo

a seguir;

E eu sem querer recuar esgoto todo o meu ser

no esforço para prosseguir;

E o desgaste é grande;

E o avanço pequeno e não há como descartar

o tempo,

Que passa sem que nenhum sorriso o acompanhe;

Nem um resquício de entendimento;

Apesar dos dias de brandura...

O que vejo, além do que quero ver,

É a dor! A vóz que golpeia o meu espírito

com suas imposições degeneradas

que me confundem

E me fazem duvidar do próprio destino...

A força, dominador elemento da história,

mostrou a sua incapacidade de

me defender e subjugou-se

à Cortina de Vidro,

Que me dá o silêncio da sua vóz;

Que me distancia do seu frescor,

Mas que insistentemente me denuncia ao seu

pensamento, sem que eu nada

faça para impedir,

Pois que é isso o que desejo:

Mostrar-me minuciosamente aos seus olhos

-Que não enxergam-

Que não vêem o sangue pulsar nas minhas veias;

Que não vêem o suor evaporar da minha pele;

Que não vêem a vibração que minh´alma transborda,

sempre que a sua imagem se forma...

atrás da Cortina...

E eu prossigo com meus devaneios turbilhando,

e às vezes destroçam a minha calma

destruindo aleatoriamente

a minha razão;

E nesses momentos me vejo sombrio, amargo...

E a rotina vai, de dia, de noite...

E vence o cansaço a disposição do tempo...

E o silêncio me invade sem que eu perceba

a sua força;

Mesmo sem o desejar eu me envolvo nele;

E meus olhos em vão tentam falar:

Estou preso! Estou preso!

E Ela não compreende e nem ouve o clamor

do meu silêncio;

E minh´alma resígna-se e se recolhe,

Ao seu doce estado de embriaguêz...

Geraldo Magella Martins
Enviado por Geraldo Magella Martins em 27/07/2011
Reeditado em 09/10/2011
Código do texto: T3122252
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