BORDANDO A VIDA!
No bordado da vida que eu aprendi a fazer
Muitas vezes me vi juta, em ponto ajour!
Aquele estado rústico, todo entremeado,
Imaginando ser um lindo bordado!
E o tempo foi passando, o tecido mudando...
E virei vagonite, toda trançada de fita!
Era toda a alegria, em bordado tecida...
Espelho da alma que eu mesmo refletia!
Depois me fiz algodão, branco alvo!
Achando que então tinha encontrado
O bordado que então me traduziria
Peguei da linha, de agulha, mudei o traçado!
Quantos pontos eu bordei!
Retos, cheios, russo, atrás!
Às vezes a linha dava nó...
E eu abandonava aquela linha.
Lembro quanto descobri a filigrana
E peguei o mais fino fio de ouro
Achava que tinha como mudar a trama
Mudar o bordado de minha vida!
Mal terminei de bordar
E a linha arrebentou...
O tecido começou a esgarçar
O bordado todo se enroscou!
E como numa toalha velha
Deixei o bordado de lado.
Afinal nenhuma obra de arte
Eu havia conseguido tecer.
Mas o bordado da vida
Nunca parou de me chamar
Num repente chegou a minhas mãos
Bilro e linha prata a me puxar
Novamente à vida bordar!
Hoje teço a vida em tramas
Que são lindas rendas
Minha vida hoje é de fato
Um lindo e brilhante bordado!
Santo André, 07.12.06 – 16h50min