Palavras 0429 - Morrer na noite
Era uma noite de sexta feira, eu, fantasma,
sozinho caminhando meus pecados,
tentei amar minha vida e ela se afastava,
não era pedir muito, queria um amanhecer.
Meu corpo já exausto morria um pedaço,
as sementes não germinam nas noites,
nenhum amor nasce em um corpo sujo,
minha carne não provoca nenhum desejo.
Ainda é começo da noite e já estou vencido,
tenho palavras, mas não a quem dizê-las,
estou reduzido a um pobre andarilho noturno,
a solidão me batizou, hoje sou o renegado.
Fui desprezado pelo sol para amar a lua,
quando ela não vem, caminho promessas,
sonhos que tive noite passada e não lembro,
pode ter sido bom, porque ainda não acordei.
Alguns escolhem morrer com seus pecados,
pois eu os reuni e espalhei pelas noites,
tomei goles do sereno da madrugada,
embriaguei-me de sim, mas o amor não passou.
26/07/2011