MOLAMBO APAIXONADO
M O L A M B O A P A I X O N A D O
Hoje vivo um dos momentos mais excitante da minha juventude
Olhei-me ao espelho e notei que realmente estava fora de mim
Ou talvez possa afirmar que descobri o que é amar
Parece que tudo se havia perdido no passado recente
O pulsar, o sentir, o pensar,
Enfim todo o meu carinho desaguava...
Na imensidão de minha tristeza
Imagino que estou sozinho nesta luta
Quando olho outras pessoas...
Seus olhos refletem como espelho
Tua bela e cativante imagem
Queria poder imaginar-me...
Como um calhamaço de papéis enrolados
Depois engarrafados e lançados ao mar
A resposta prende-se com o meu atual estado de espírito
Tem dias que acordo tipo estar meio louco
Mas não passa de uma simples sensação
Tenho tudo entalado na garganta
Com palavras não conseguirei expressar
O que dizer-te?
A dor está como a desfolhar arquivos
Não encontro as folhas
Nem as fotos, nada das cartas
Só restam as lembranças
Mas ainda ficou algo para trás
Algo que nunca foi dito nem escrito
Apenas sentimo-lo com maior prazer
O pequeno sofrer...
De qualquer modo sofro
E vou me construindo
Com falhas e fantasias redobradas
Que apaixonadamente nos envolvemos
Aquele rapaz animado
Sempre bem humorado
Hoje é um apaixonado!
Sem vontade própria, pusilânime
Outros já viveram algo idêntico
Mas têm vergonha de expressar
Recordo-me de uma parede branca
Não sei se do meu quarto ou na...
E vejo-me igual aos meus poemas
Nem sei a razão de caminhar sem deixar rastros
E regressar ao meu corpo
Passa pelo os limites psicológicos
Lembro-me de nós quando olho para o céu
Quando toco nas plantas
Quando falo com as pessoas
Quando entro num carro
Ou quando vejo as luzes da cidade
.
O meu medo me faz diferente
Porém sigo adiante
Em nada modifica a paixão
Tudo isto pode parecer insignificante
Alucinações que parecem quase reais
De repente no meio da noite...
Sinto-me cansado e inibido
Peço que tenham paciência e entendam o que vivo
Tornei-me um molambo nestes últimos dias
Imagino que no futuro...
Ou antes, tenhamos a possibilidade de sorrirmos
Beijarmos sem falarmos muito
Também sem lástimas e nem lágrimas
Apercebo-me do que tinha dito antes
Constatei que temos de sofrer...
E muito, para nos tornarmos adultos
(outubro/2003)