CARTA DE AMOR (despedida)
Ela me dizia sempre com uma resolução devoluta
Se antes eu partir ainda virei me despedir de você
Meu doce e eterno querer minha água lustral
Vou te abraçar como nunca porque o nunca
Não é uma despedida é apenas uma rua sem final
Lembre-se meu amor:
Nosso corpo pertence à natureza
Porque somos parte deste organismo vivo
Ela nunca morre... Ela se refaz, por isso precisa de paz!
Sabendo que mais de setenta por cento
De nosso corpo é composto de água
Na primeira chuva de minha partida
Tome um banho de chuva e das nuvens cairei mansamente
E me misturarei com tuas lágrimas docemente como soro da vida
Abraço e escorro pelo teu corpo sempre e quando for embora
E a água secar nos teus infinitos poros
Lembre-se que estarei os preenchendo outrora
Nos mares, nos lagos, nos rios, na água
Que sagradamente mata tua sede que aflora
Sempre que sentires saudade
De mim, venho matar a tua sede, te amo!
Estou viajando nestes comboios de nuvens
Estarei sempre por perto onde quer que estejas
Tu serás sempre feito de ouro e eu tua pura prata
Ah! Esperarei-te sedenta de amor, quem sabe um dia
Seremos parte da mesma mata...
A jorrar a vida como duas cascatas...